domingo, 22 de junho de 2008

Sericaia

Muitos foram os homens que tentaram tocar o céu. Voar e voar... Alguns tentaram tocar o horizonte e navegar na linha que une o mar ao céu, segurar o infinito e emaranharem-se pelo imenso azul celeste do céu. Outros tentaram alcançar o alto de forma bem terrena, semeando o sal na terra e a esses ninguém lhes negou o céu. A esses foi merecido. Mas para nós, caro leitor, o céu apenas é alcançável de duas formas: com uma grande paixão ou com um bom paladar.


Esta semana, trago-vos um doce no mínimo sublime. A Sericaia é um doce tipicamente alentejano cuja receita é de origem duvidosa: há quem diga que é proveniente da Índia, há quem diga que veio do Brasil. A verdade é que o doce começou a ser confeccionado por dois conventos alentejanos que reclamam a receita original: o Convento das Chagas de Vila Viçosa e o Convento das Clarissas de Elvas. De forma a tornar a rivalidade mais espicaçada, um convento chama ao doce Sericaia e o outro chama Sericá. Para o caso, o nome é o menos importante. A verdade é que o sabor do doce é único porque tem uma particularidade interessante: a textura fofa do doce é embelezada pelas famosas ameixas de Elvas. Estes frutos, de tradição abastada, e o seu molho de calda, são a junção do mar ao céu onde devemos fechar os olhos e divagar.


À parte as rivalidades conventuais entre noviças e madres superiores, fica aqui a receita da Sericaia à Comissário:


- 1 l de leite
- casca de limão
- canela: 1 pau e em pó
- sal
- 12 ovos
- 450 g de açúcar
- 125 g de farinha


Começar por regular o forno para os 225° C. Levar ao lume, a ferver, o leite com a casca de limão, o pau de canela e uma pitada de sal. Retirar do lume e deixar arrefecer. Entretanto, bater as gemas com o açúcar até obter um creme fofo. Em seguida, dissolver a farinha no leite fervido, juntar o creme de gemas e açúcar e, mexendo sempre, levar a engrossar sobre lume brando. Retirar do lume, tirar a casca de limão e o pau de canela e deixar arrefecer. Bater as claras em castelo bem firme e incorporar, cuidadosamente, no preparado anterior, que deverá estar frio ou ligeiramente morno. Deitar o creme num prato fundo e bem largo de barro (faz parte da tradição), polvilhar abundantemente com canela e levar a cozer no forno.
A todos um grande abraço e muita saúde!
por Comissário Bruno Direito dos Santos

5 comentários:

Anónimo disse...

Eu já provei e é mesmo muito bom! :) só é pena que não o saibas fazer para mim... :P *

Anónimo disse...

É bom, mas encharcada é melhor!

Anónimo disse...

O comentario que o comissario Bruno faz até está engraçado!
Mas acho que não se enquadra muito no contexto dos comentarios dos outros comissarios.

Anónimo disse...

Bruno, encantas-me com os teus comentários! De certeza que és ou serás um grande cozinheiro!
Não te vi no S.João... :-( Já tenho saudades tuas!

beijinho da tua admiradora

Anónimo disse...

ai santos!qd pareces um chef enches me de tesão!